Este artigo foi elaborado com o apoio de ferramenta de Inteligência Artificial, utilizadas para estruturar e organizar informações, com revisão e supervisão humanas em todas as etapas.
No mundo corporativo, tempo é o recurso mais escasso e, muitas vezes, indiscriminadamente, o mais mal aproveitado. Milhares de horas são perdidas em tarefas repetitivas, processos manuais e demandas de baixo valor estratégico.
Por que isso é importante?O impacto da ineficiência vai muito além do financeiro: compromete a produtividade, reduz o engajamento e enfraquece o alinhamento estratégico das equipes, afetando diretamente a capacidade de inovação e competitividade organizacional.
É nesse contexto que a Inteligência Artificial (IA) deixa de ser “mais uma” inovação tecnológica e passa a atuar como um pilar estratégico para a transformação organizacional, impulsionando a reconfiguração de processos e a criação de novos modelos de trabalho. Não estamos falando apenas de automação, mas de mudar o próprio papel das pessoas dentro das organizações, criando espaço para que o talento humano seja investido em criatividade, estratégia e inovação.
Os números
Processos manuais que não exigem análise profunda ou estratégica podem ser verdadeiros sabotadores de produtividade.A automação com IA devolve horas valiosas e, mais importante, devolve foco, propósito e autonomia.
Um estudo realizado pela BCG X (2024) mostrou que profissionais que adotaram IA ganharam, em média, 5 horas por semana para desempenhar ainda mais atividades de maior valor.
Do ponto de vista empresarial, isso significa semanas inteiras de produtividade extra por ano. E os impactos vão além, desses entrevistados:
41% relataram mais eficiência nas entregas.
39% expandiram suas responsabilidades para novas tarefas.
38% passaram a atuar de forma mais estratégica.
A OCDE (2025) reforça que empresas que aplicam IA em tarefas operacionais ganham entre 5% e 25% de produtividade. O ganho não está só na redução de tempo, mas no reposicionamento do trabalho humano.
E ainda, segundo a empresa de tecnologia, HP, que conduziu pesquisa global entrevistando mais de 15 mil pessoas em 12 países, identificou que 73% dos entrevistados dizem que a IA facilita o trabalho, e 69% personalizam o uso da IA para aumentar a produtividade.
Panorama geral – O mundo já mudou. E o trabalho também.
Os benefícios da Inteligência Artificial, quando bem utilizada e integrada de forma estratégica à rotina de trabalho, são claros e indicam que precisaremos mudar a maneira como estamos acostumados a trabalhar.
Segundo a consultoria global McKinsey, mais de 50% das ocupações têm pelo menos 30% de suas atividades automatizáveis com tecnologias já disponíveis. Até 2030, metade das atividades laborais poderão ser executada total ou parcialmente por IA.
Embora o dado possa parecer preocupante, a interpretação mais produtiva é otimista: a IA não vai roubar empregos, mas sim potencializar a execução de tarefas repetitivas e rotineiras, liberando espaço para que os profissionais desenvolvam habilidades mais humanas e criativas.
A questão já não é mais “se” você vai adotar IA, mas como vai usá-la de forma responsável, estratégica e mensurável.
Onde a IA é forte e o humano é insubstituível
Kai-Fu Lee, cientista da computação e especialista em IA, diz que a Inteligência Artificial veio para nos libertar de trabalhos rotineiros e nos lembrar do que nos torna humanos.
Em seu livro Inteligência Artificial (2019), ele relata a derrota de Ke Jie, o melhor jogador humano de Go, para a AlphaGo (uma IA), como um símbolo do potencial da interação entre humanos e IA:
O humano traz propósito, sentimento e criatividade para tudo que faz.
A IA executa e segue comandos com precisão.
Com base nisso, Lee criou uma matriz que nos ajuda a entender melhor onde a IA pode potencializar os processos e onde a presença humana continua essencial:
Precisa de interação social/empatia
Não de interação social ou empatia
Fonte: Kai Fu Lee
A matriz considera duas dimensões:
Complexidade cognitiva e criatividade: tarefas que exigem julgamento, empatia, decisão estratégica ou inovação.
Rotina e dados: tarefas repetitivas, previsíveis ou baseadas em análise de dados.
A partir dessas dimensões, os processos podem ser classificados em três categorias:
IA sozinha: atividades que são padronizadas, previsíveis ou baseadas em regras e dados. São processos que podem ser automatizados sem perda de qualidade ou risco.
Humano sozinho (podendo utilizar a IA como apoio): atividades que exigem compreensão contextual, criatividade, empatia ou tomada de decisão estratégica. São processos que não podem ser delegados exclusivamente à IA sem comprometer o resultado.
Humano + IA: processos onde a IA executa tarefas repetitivas ou analíticas, liberando o humano para focar no que exige julgamento, visão estratégica ou criatividade. Essa combinação gera resultados mais eficientes e permite que o humano atue em alto valor.
Assim, qualquer área pode analisar seus processos pensando: o que pode ser automatizado de forma segura e o que precisa da inteligência e sensibilidade humanas. A matriz funciona como guia para priorizar onde investir IA e onde manter o humano no centro do processo.
Segundo Kai-Fu Lee, são três as áreas em que a IA fica aquém da capacidade humana e é improvável que consiga fazer isso nas próximas décadas, são elas:
Criatividade – A IA não cria, conceitua, ou planeja estrategicamente. Apenas otimiza objetivos definidos, sem capacidade de definir metas, aplicar conhecimento em diferentes áreas ou usar bom senso.
Empatia – A IA não pode sentir ou interagir com base em emoções. Não transmite cuidado, compreensão ou motivação genuína, e dificilmente substitui o toque humano em serviços que dependem dessa conexão;
Destreza física – A IA não pode realizar um trabalho físico complexo que exija destreza ou coordenação motora, ou lidar com espaços desconhecidos e não estruturados, especialmente aqueles que ela não tenha observado.
O futuro do trabalho não é sobre humanos ou máquinas, mas sobre a sinergia entre ambos, uma colaboração em que a IA potencializa o que fazemos de melhor, enquanto nós damos direção, propósito e criatividade ao que ela executa.
6. Case Starian e Softplan
O time de Privacidade da Starian e Softplan identificou uma oportunidade estratégica para otimizar duas atividades essenciais, porém operacionais e de alto consumo de tempo: análise de contratos e resposta a questionários de privacidade.
Contratos: precisam ser implementados e revisados para assegurar aderência às políticas internas e à legislação.
Questionários de privacidade: exigem respostas fundamentadas com base em regulamentos e documentos internos, sendo extensos e determinantes para transparência e consistência.
Apesar da importância, o processo era manual, seguia padrões internos e demandava muitas horas, o que aumentava o risco de erros à medida que a demanda crescia. A equipe viu na IA a chance de transformar esse cenário.
Da ideia à implementação
Com apoio do TI, a solução foi criada de forma estruturada e segura. Operando em um ambiente fechado, o que garante maior proteção e privacidade dos dados.O desenvolvimento seguiu cinco passos:
Priorizar atividades de maior impacto e volume.
Definir limites da IA, mantendo decisões críticas sob supervisão humana.
Treinar o modelo com contratos, políticas internas e referências relevantes.
Configurar padrões e comandos para o contexto organizacional.
Integrar a entrega final com comentários e sugestões para revisão do time de privacidade.
O resultado: uma ferramenta que analisa contratos e questionários, entrega o documento pronto para revisão e mantém consistência e qualidade.
Impacto na produtividade
Os ganhos foram tangíveis:
Contratos: Considerando uma média de 70 contratos recebidos por mês, sendo que, cada um levava em média 2h para análise. Com a IA, economizamos 30 minutos por contrato, equivalente a 35h/mês ou 420h/ano.
Questionários de privacidade: Houve uma redução de 50% do tempo, economizando 2h30 por questionário, equivalente a 50h/mês ou 600h/ano.
Essa automação liberou a equipe para decisões estratégicas, sem comprometer a qualidade ou a confiabilidade dos processos.
Aprendizados e boas práticas
Ao longo da implementação, o time de Privacidade da Starian percebeu que o sucesso da IA depende do equilíbrio entre tecnologia e supervisão humana. Alguns pontos se destacaram:
Personalização é chave: a IA precisa ser treinada e ajustada ao contexto específico do negócio, demandas e atividades. Cada detalhe conta.
Supervisão contínua é indispensável: alucinações e erros podem ocorrer, e a intervenção humana garante precisão e adequação.
Qualidade dos dados importa: quanto melhor os insumos melhores e mais confiáveis os resultados gerados.
Interação constante gera melhorias: feedback real do time aprimora a ferramenta e cria evolução contínua.
Decisões críticas continuam humanas: a IA é aliada, mas a análise estratégica permanece sendo condição essencialmente humana.
Soluções contratadas aumentam segurança: ferramentas validadas garantem consistência e proteção.
Esses aprendizados mostram que agilidade e cautela precisam andar juntas.
O uso inadequado de IA pode gerar riscos sérios: prejuízos financeiros, vazamento ou retenção indevida de dados pessoais, sensíveis e confidenciais, criação de informações falsas e confiança excessiva em sistemas não seguros.
Portanto, algumas práticas são essenciais:
Evitar inserir dados pessoais ou documentos confidenciais, especialmente em ferramentas não contratadas.
Revisar sempre o conteúdo gerado.
Questionar vieses ou distorções nos resultados.
Utilizar apenas soluções aprovadas e adequadas pela organização.
Capacitar a equipe e registrar riscos de cada uso junto com as áreas de privacidade e segurança da informação.
Na Starian, aprendemos que quando humanos e IA trabalham em sinergia, os ganhos vão muito além da produtividade: entregamos mais qualidade, segurança e tempo para focar no que realmente importa, decisões estratégicas que apenas pessoas podem tomar. A tecnologia potencializa, mas é o olhar humano que garante consistência e confiança.
Conclusão
A experiência da Starian e da Softplan mostra que a Inteligência Artificial, quando implementada com propósito, personalização e supervisão humana, vai muito além da automação: ela se torna um multiplicador de valor. O ganho não é apenas em horas economizadas, mas em qualidade, consistência e capacidade de dedicar energia ao que realmente impulsiona resultados, decisões estratégicas, inovação e relações de confiança.
O futuro do trabalho já começou. Organizações que aprendem a combinar a precisão da IA com o olhar crítico e criativo do humano não apenas otimizam processos, mas constroem equipes mais engajadas e preparadas para os desafios de um mercado em constante mudança.
Mais do que substituir tarefas, a IA nos convida a redefinir prioridades, ampliar nosso alcance e, principalmente, reforçar aquilo que nenhuma máquina pode replicar: propósito, sensibilidade e visão. Quando humanos e IA atuam juntos, produtividade e impacto deixam de ser metas isoladas e passam a ser o novo padrão de excelência.