O que é inovação?
Nossas experiências de vida na sociedade moderna são cada vez mais permeadas por nosso vínculo com o chamado “universo digital”. Essa nova “vida digital” nos proporciona vantagens únicas, verdadeiramente inéditas em toda a trajetória humana.
Dispomos de recursos que nossos antepassados sequer imaginavam. A facilidade de acessar conhecimento ilimitado – de qualquer lugar e a qualquer momento -, combinada à simplicidade de conectar pessoas – independentemente de fronteiras físicas -, constituem um novo, infinito e transformador poder.
E sabe de uma coisa? Conhecimento e colaboração são ingredientes-chave para algo que se fala muito hoje em dia: inovação.
Mas, afinal de contas, o que é inovar?
Com frequência nos deparamos com este tipo de questionamento, que apesar de parecer simples à primeira vista, costuma gerar prolongados debates. Talvez você nem imagine, mas existe uma assombrosa e desnecessária quantidade de definições para inovação, o que em nada contribui para desmitificar o assunto.
De forma bem prática, inovar é resolver problemas por meio da criatividade. Simples assim.
A inovação é criada a partir do desejo de mudar o contexto e o resultado, procurando novos e melhores jeitos de fazer as coisas.
Inovação e empreendedorismo
O assunto inovação também possui um forte vínculo com o empreendedorismo, e não é de hoje que o tema frequenta a agenda dos líderes de negócio.
Um dos primeiros a tratar a inovação como fator essencial para o crescimento das empresas foi Joseph Schumpeter, ainda na primeira metade do século XX. Economista e professor em Harvard, Schumpeter afirmava que “sem inovações, não há empreendedores”. Importante destacar que essa citação é da década de 1930, época da Grande Depressão americana, período em que muitos acreditavam que a tecnologia já havia chegado ao seu limite, exceto ele.
Dentre as numerosas contribuições de seu rico legado ao assunto, Schumpeter também desenvolveu o conceito de “destruição criativa”. Na prática, significa a quebra dos preceitos estabelecidos e o uso da colaboração baseada na troca de ideias para, a partir disso, criar algo novo. Embora nem sempre praticada, trata-se de uma capacidade essencial às organizações que desejam crescer e criar vantagem competitiva em um ambiente dinâmico de negócios.
Em se tratando de inovação, é quase certo que você também já tenha ouvido falar no termo “disrupção”. De uso frequente, esse preceito traz consigo outro poderoso fundamento.
O conceito de “inovação disruptiva” foi introduzido por Clayton Christensen na década de 1990, e define aquelas tecnologias capazes de transformar por completo uma indústria. Os smartphones e a música em formato digital são dois exemplos muito presentes no nosso dia a dia e que ilustram muito bem o conceito de inovação disruptiva. São inovações que levaram numerosas empresas tradicionais à ruína. Contudo, também fizeram brotar incontáveis novos negócios, de alcance e proporções ainda maiores. Essas duas inovações disruptivas também nos alertam para a importância de estar atento e acompanhar os ciclos de transformação e as necessidades de reinvenção dos negócios.
Steve Blank, precursor da metodologia chamada “Customer Development”, afirma que para inovar é preciso sair de dentro das empresas, dos escritórios, e “ir para a rua”, observar o dia a dia das pessoas, dos profissionais, para poder ter novas ideias que prosperem. “Antes de começar a vender, você precisa investir tempo e dinheiro na tarefa de entender o que o cliente precisa”, defende Blank.
O misticismo em torno do que é inovação
O que Schumpeter, Christensen e Blank têm em comum? É a crença inabalável de que a inovação tem o poder de provocar transformações fundamentais em vidas, empresas e nações.
E tem mesmo! Porém, isso pode induzir ao entendimento de que inovar é fazer algo tão grandioso e revolucionário quanto um iPhone, por exemplo, o que é uma visão equivocada.
Você não precisa criar algo disruptivo ou de alcance mundial para inovar. A criação de um novo processo de trabalho, ou um novo jeito de atender o cliente já são inovações. O importante é olhar o mundo com a lente da mudança.
Quase tudo ao nosso redor pode ser melhorado, revisto, aprimorado. Quando uma pessoa não se conforma com “o estado das coisas”, ela transforma esse inconformismo positivo em um motor de inovação. Não estamos aqui falando da “mudança pela mudança”, mas sim da mudança que produz evolução, melhoria. O diferencial inovador, portanto, está em olhar o mundo pensando em como as coisas podem ser melhores, e não se contentar com o status quo.
No mundo dos negócios, também é fundamental rever constantemente processos, produtos e serviços. Embora não haja garantias, esta postura aumenta as chances de manter a relevância e a prosperidade da organização em um mundo cada vez mais dinâmico e que opera em ciclos cada vez mais curtos.
O cemitério corporativo está lotado de empresa que não conseguiram se reinventar. O curioso é que muitas delas chegaram até mesmo a liderar seus segmentos de negócios. Os exemplos são fartos. Um dos mais conhecidos é o da Nokia, a (outrora) toda poderosa fabricante de celulares, que chegou a ter um bilhão de clientes, e liderava com folga o segmento. Com tamanho gigantismo, a indústria se perguntava: quem poderia detê-la?
Para você que está lendo este artigo, faço um simples questionamento: quem utiliza um celular da Nokia hoje em dia?
Nesse contexto, outra empresa que também merece lembrança é a Palm. A multinacional liderou a indústria de dispositivos móveis entre as décadas de 1990 e 2000.
Não seria injusto afirmar que a Palm foi a empresa que criou o mercado de “computação de bolso”. Os dispositivos produzidos pela empresa vinham acompanhados de aplicativos para diversas finalidades, semelhantes aos apps oferecidos pelos smartphones atuais: calendário, acesso a e-mails, notas, listas e sincronização.
A incapacidade de se reinventar diante da chegada dos smartphones, e a falta de investimentos em pesquisa e inovação, fez com que a empresa desaparecesse em 2011.
Diversos são os fatores que podem conduzir uma empresa ao mesmo destino fatídico da Palm. Acreditar que a liderança de mercado é um salvo-conduto permanente para o sucesso é um deles. O medo do erro ao arriscar, experimentar, abandonar velhas práticas e adotar novas abordagens é outro.
Em nossa sociedade, somos educados desde cedo para acertar sempre. Não raro, sofremos até mesmo certas punições quando erramos. Tudo isso nos torna avessos ao erro. Só que para inovar, é preciso aceitá-los, aprender com eles e seguir adiante, aproveitando esses aprendizados para fazer melhor na próxima vez.
Tanto no mundo dos negócios quanto na vida, quando você não está errando, não está fazendo nada de diferente. Errar faz parte do processo de descoberta, da experimentação. Sem isso, não há inovação possível. Como nos ensina Bill Gates, “é bom celebrar o sucesso, mas é mais importante aprender com as lições dos erros”.
E você, tem conseguido inovar?